Era uma vez um caderno por escrever….liso…livre.
Pousado numa cadeira em branco, esquecido numa casa antiga, de mão em mão passava.
Uns desenhavam enquanto outros
Uns escreviam belas histórias, outros contos de terror…de cor clara a sua capa tornou-se dura, mas suas páginas mantiveram o toque macio e leve…triste…dependia de quem o achava e lhe dava abrigo.
Depois de lhe fecharem as páginas, ele apagava-se e…quando a próxima alma o abria, era um caderno por escrever outra vez…liso…livre…
Aquele caderno jazia agora esquecido numa prateleira vazia, já tinha conhecido muitas caligrafias, técnicas de desenho…muitas melodias diferentes, servira de desabafo, confidente…obra de arte vinda de uma grande inspiração…foi ouvinte que segue atentamente a história…de consolo em noites chorosas…mas deixava sempre de ser preciso…apagava de novo as suas páginas e voltava a ser um caderno…apenas um caderno…como todos os outros…
Numa noite alguém pegou num caderno, folheou-o…viu que não tinha nada e decidiu leva-lo consigo.
Era mais uma história diferente pensou…mas quando foi aberto viu o rosto de quem o abria…um ser de olhos claros que pegou numa caneta, era estranhamente belo…começou a desenhar…timidamente.
Havia um terno cuidado…calma…foi então que ao sentir a tinta fluir em si…aquele velho caderno fez o que nunca antes fizera…
…falou.